terça-feira, 24 de maio de 2011

A Escola

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.


Eu queria uma escola que cultivasse


a curiosidade de aprender


que é em vocês natural.


Eu queria uma escola que educasse

seu corpo e seus movimentos:

que possibilitasse seu crescimento

físico e sadio. Normal


Eu queria uma escola que lhe

ensinasse tudo sobre a natureza,

o ar, a matéria, as plantas, os animais,

seu próprio corpo. Deus.



Mas que ensinasse primeiro pela

observação, pela descoberta,

pela experimentação.



E que dessas coisas lhes ensinasse

não só o conhecer, como também

a aceitar, a amar e preservar.


Eu queria uma escola que lhes

ensinasse tudo sobre a nossa história

e a nossa terra de uma maneira viva e atraente.


Eu queria uma escola que lhes

ensinasse a usarem bem a nossa língua,

a pensarem e a se expressarem

com clareza.


Eu queria uma escola que lhes

ensinassem a pensar, a raciocinar,

a procurar soluções.


Eu queria uma escola que desde cedo

usasse materiais concretos 

para que vocês pudessem ir formando corretamente 

os conceitos matemáticos, 

os conceitos de números, 

as operações... pedrinhas... só porcariinhas!...

fazendo vocês aprenderem brincando...


Oh! Meu Deus!

Deus que livre vocês de uma escola

em que tenham que copiar pontos.


Deus que livre vocês de decorar

sem entender, nomes, datas, fatos...


Deus que livre vocês de aceitarem

conhecimentos "prontos",

mediocremente embalados

nos livros didáticos descartáveis.


Deus que livre vocês de ficarem

passivos, ouvindo e repetindo,

repetindo, repetindo...


Eu também queria uma escola

que ensinasse a conviver, a cooperar,

a respeitar, a esperar, a saber viver

em comunidade, em união.


Que vocês aprendessem

a transformar e criar.


Que lhes desse múltiplos meios de

vocês expressarem cada sentimento,

cada drama, cada emoção.


Ah! E antes que eu me esqueça:


Deus que livre vocês

de um professor incompetente.

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