sexta-feira, 20 de maio de 2011

Leitura, o desafio da contemporaneidade

A leitura tem sido um grande desafio para escolas e educadores da educação básica, haja vista toda a parafernália tecnológica que encanta e seduz nossas crianças, distanciando-as da interpretação de textos, da análise crítica, da reflexão e da decodificação e entendimento de seu papel de agente modificaDOR. Tal empreitada torna-se ainda mais peculiar na Educação de Jovens e Adultos que, por ser tão dinâmica, carece de atenção e carinho na elaboração dos planejamentos e, sobretudo, na execução das aulas. É preciso ter clareza para enxergar que um assunto/texto pode ser bem acolhido em uma região ou comunidade e não ser tanto em outra, pois vivem realidades diferentes, possuem aspirações outras, portanto é necessário sentir o querer, muitas vezes não revelado explicitamente por timidez, vergonha ou até medo. É preciso saber ouvir e estar aberto às mudanças, aceitando-as como naturais que são, selecionar textos os quais todos poderão se manifestar, interagir e, principalmente, refletir. Pensar a leitura é pensar a emancipação, a descoberta de si no outro e o contrário também, é conhecer-se e gostar-se, pois mais do que um emaranhado de palavras a leitura é o passaporte para um outro mundo mais sensível, mais compreensível, mais próximo e esta proximidade prática ganha relevância nesse contexto. A leitura não deve ser tratada como algo estático que aponta para um horizonte, pois este horizonte não existe, ou se existe se molda e se modifica a cada leitura, a cada contato, a cada toque, a cada pensar. Não extraímos de um texto apenas um pensar, mas várias e variadas formas, não há portanto uma verdade absoluta, não há o porquê de encontrar o que o autor quis dizer, pois o momento do autor não é o mesmo momento do leitor, o que importa é o que se diz daquele texto e o que ele diz para mim e de mim. Porém, desconstruir essa relação fria que alguns mantêm com os livros, não é tarefa fácil em uma sociedade em que na maioria das vezes que você é apanhado lendo ou mesmo carregando um livro a pergunta que mais se ouve é: esse livro é bom? Pensemos um minuto, existe livro ruim? Nossa tarefa enquanto professores é repensar, questionar, reconstruir os conceitos de bom e ruim para adequado e não adequado, urge voltar nosso olhar para a leitura, não como obrigação e martírio, mas essencialmente como informação, entretenimento, relaxamento, enfim prazer. A interação com outros espaços, bibliotecas, pinacotecas, exposições, concertos são formas de leitura, principalmente porque muitas vezes nossos jovens e adultos não se sentem sujeitos desses ambientes, ou sentem-se menos sujeitos, uma vez que não se acham cultos o suficiente para se relacionarem, para entenderem, para se exercerem nesses espaços, tido erroneamente por eles, muitas vezes, como templos sagrados reservados aos escolhidos. Esta interação é de fundamental importância nessa desmistificação, nesse reconhecimento e aceitação do ambiente. A leitura, assim como as demais expressões artísticas, pressupõe liberdade, por isso deve-se sempre e mais extrapolar a sala de aula, os muros da escola, os balcões e estantes das bibliotecas, não deve apenas ensinar a pescar, é preciso transformar esse peixe em um prato apetitoso, vistoso e, sobretudo, saboroso, que como todas as coisas como todas as coisas boas da vida, deixarão sempre um gostinho de quero mais. O querer lúcido é o combustível para a realização, para a permanente transformação de seres mais sensíveis, mais questionadores, mais inquietantes, que semearão em seus filhos e netos a semente que um dia foi neles plantada e que desabrochou lindas flores, perceberão que tão preciso quanto plantar é se auto adubar.

Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/1735504-leitura-desafio-da-contemporaneidade/#ixzz1MtpbjBvo

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